Após três dias de aventuras em Caçapava do Sul, pegamos a BR 392 em direção a Pelotas, rodovia relativamente tranquila, mas a medida que se aproximava de Pelotas o tráfego de caminhões aumentava devido a ser uma das rotas que leva ao porto de Rio Grande. Compramos queijo e salame em uma barraca na beira da estrada, seguindo em frente passamos por fora de Pelotas, pois não era nosso destino, seguimos pela rodovia que leva a Rio Grande, com o tráfego de caminhões ainda maior, fomos ter um pouco de tranquilidade ao pegar a BR 471, essa sim era nosso destino, pois é a rodovia que leva ao Chuí no Extremo Sul do Brasil.
O salame e o queijo viraram almoço, butiás alaranjados agora seriam comuns na beira da estrada, assim como nuvens de pássaros pretos que as dezenas, por vezes centenas levantam voô todos juntos e sincronizados que cada um parece saber o seu espaço afim de não invadir o do outro evitando uma colisão. Raul Seixas no CD do carro descontraía na imensa reta, rota de muitos viajantes, aventureiros e motoqueiros não necessariamente nessa ordem, que procuram assim como nós o Extremo Sul do Brasil e a entrada para o litoral uruguaio.
Andamos por vários quilômetros até chegarmos a "Estação Ecológica do Taim", velocidade contralada pela conciência, porque ao longo do trecho em que passamos não avistamos nenhuma fiscalização, placas de limites de velocidades sim, assim como alerta da possibilidade de animais na pista, na área dos banhados telas dos dois lados da pista tentam impedir que os animais passem pela rodovia, tentam, pois avistamos algumas capivaras mortas por atropelamento no acostamento, é triste, eu sei que deve ter diminuído consideravelmente o número de atropelamentos com essas medidas tipo placas de sinalização, o telamento de mais de quinze quilômetros, mas ainda há o que fazer e por isso acontece e como falei é triste, me doeu na alma ver... Da estrada se avistam famílias inteiras de capivaras no banhado, nos barrancos, várias espécies de aves, uma delas reconheci pelo canto o Tarrã, inigualável.
Entrada da área de preservação Estação Ecológica do Taim.
Telas tentam impedir que os animais passem do banhado para rodovia, tentam!
Distante no barranco do outro lado, capivaras parecem acostumadas com a movimentação na rodovia.
Capivaras na Estação Ecológica do Taim.
Família de Tarrãs na Estação Ecológica do Taim.
A Estação Ecológica do Taim possui uma área de 32.038 ha, um dos principais motivos que levaram a criação da Estação Ecológica do Taim em 21/07/1986, pelo decreto 92.963, foi o fato de esta área ser um dos locais onde passam várias espécies de animais migratórios vindos da Patagônia.
A simples utilização da estação como área de descanso, de crescimento ou nidificação torna-a ainda mais importante, pois para as espécies migratórias a destruição de uma área na rota de migração pode colocá-las em risco de extinção.
Grande ave na Estação Ecológica do Taim.
Seguimos viagem na que apelidei "reta sem fim", depois de quase duas horas chegamos ao Chuí com uma placa nos dando boas vindas "Rota Extremo Sul, Bem Vindo ao Chuí", cidade pequena que se amancipou de Santa Vitória do Palmar em 1997 e que tem uma área de aproximadamente 200 Km², faz fronteira com a cidade uruguaia de Chuy e é a cidade brasileira mais distante da Linha do Equador, pois bem, o negócio agora era acharmos um lugar para ficar, pois viajamos o dia inteiro e estávamos super cansados. A dificuldade de se hospedar ficava por conta de estarmos com o Lino (Dashchund), mas depois de dois "Não! Com cachorro não!" Conseguimos hospedagem no simpático Hotel Fênix*.
Bem - Vindo ao Chuí.
Chuí - Rio Grande do Sul / Brasil.
No dia seguinte tomamos café da manhã e partimos em direção a Barra do Chuí a procura do farol e também do ponto mais meridional do Brasil. A Barra do Chuí é um balneário que fica a aproximadamente nove quilômetros do Chuí, pertence ao município de Santa Vitória do Palmar e faz fronteira com o balneário da Barra del Chuy no Uruguai separados pelo Arroio Chuí. Fomos direto ao mar para dar uma olhada na que é considerada uma das praias mais frias do Brasil e pelo fato de já não ser mais alta temporada ventos fortes desencorajavam qualquer tentativa de entrada na água.
Praia da Barra do Chuí.
Balneário Barra do Chuí - Santa Vitória do Palmar - RS / BR.
Fomos então ao farol, o mesmo tem a entrada liberada para o público somente as terças e quintas, pois no local funciona um "rádio-farol" operado pela Marinha do Brasil, o que torna a delimitação do farol uma área militar. Por não ser dia de visita consegui acesso a área com um militar que passava uns dias no local, mas somente na parte externa, pois no interior do farol somente nos dias de visita das 15h 30min. às 17hs, mas valeu a pena, da área do farol pude avistar a foz do Arroio Chuí que originou o nome do balneário (veja mais sobre o farol em breve no marcador Caçadores de Faróis).
Rádio-Farol da Barra do Chuí.
Farol na Barra do Chuí.
Farol operado pela Marinha do Brasil.
Foz do Arroio Chuí.
Do farol fomos a procura do que seria "A Ponta do Mapa", seguimos em direção a ponte que liga os dois balneários, ou melhor os dois países e na mesma encontramos uma pista, uma grande placa que dizia "Divisa Brasil / Uruguai, Arroio Chuí - Santa Vitória do Palmar - RS, Extremo Sul do Brasil".
Extremo Sul do Brasil.
Segui, agora caminhando por uma entrada que leva a esquerda da ponte e vi mais duas placas menores, uma dizia "Não Utilize Veículos Motorizados" e a outra apesar de trazer a mensagem em dois idiomas, português e espanhol a frase "Recolha seu Lixo" parece estar escrita em latim ou grego, pois ninguém parece querer fazer a sua parte, ou simplesmente ajudar quem tenta fazer um trabalho de preservação nessa área que é de tamanha importancia para o turismo local.
Essa parece ser respeitada...
... Mas essa é bricadeira!
Segui caminhando mais uns oitenta metros por uma trilha formada em meio à vegetação e foi aí então que encontrei o que procurava, a placa afirmava "Você está no Extremo Sul do Brasil", andando mais alguns metros em direção ao arroio eu pensava estar no "Metro Quadrado Terrestre mais Meridional do Brasil", mas em meio a pesquisas posteriores descobri que da ponte onde deixei o carro à aproximadamente 1400m a direita contornando o arroio existe um marco onde este sim seria "A Ponta do Mapa", porém muitos discordam alegando não ser o arroio a delimitação da fronteira e sim os marcos fronteiriços, no Google Earth a linha da fronteira segue o curso do arroio ficando o marco citado como o ponto mais ao sul do Brasil. Eu particularmente ainda estou um pouco confuso, não há muita discussão sobre o assunto, o que há é falta de informação.
No Extremo Sul do Brasil.
Extremo Sul do Brasil - Barra do Chuí - Santa Vitória do Palmar - RS / BR.
Há muita polêmica e controvérsias no que diz respeito aos extremos do Brasil, a frase "do Oiapoque ao Chuí", por exemplo, refere-se às cidades que ficam mais ao norte e mais ao sul respectivamente e não a ponta do mapa como me referi mais acima, na parte sul, essa que foi nossa primeira procura, sabemos que o Chuí ao se emancipar em 1997 tornou-se a cidade mais meridional do Brasil, mas o ponto mais ao sul ainda pertence à Barra do Chuí, balneário pertencente a Santa Vitória do Palmar, da mesma forma que a foz do Arroio Chuí.
Concluímos mais uma fantástica aventura, agora no Extremo Sul do Brasil, partimos então para o "Fuerte de San Miguel", mas essa é outra história que você acompanha conosco aqui em breve nas próximas postagens no marcador "Castelos e Fortalezas".
Valeu! Espero que tenham gostado!
Grande abraço a todos!
E O BIXO PEGANDO, NO EXTREMO SUL DO BRASIL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
*Hotel Fênix
Dormitórios com banheiro e TV.
Fones: (53) 91662161 - UY (099) 310910
Email: ua.rocha@hotmail.com
Av. Samuel Priliac n°899 - Chuí - RS / Brasil Cep 96255-000
Veja mais sobre a fauna e flora da Reserva Ecológica do Taim em:
Texto: Valfredo Neves.
Em vermelho fonte site vivabrazil.com
Fotos: Valfredo Neves.
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