Em São Nicolau¹ visitamos nosso último Sítio Arqueológico dos Sete Povos das Missões. Agora dando sequência em nossa jornada e seguindo nossa viagem, temos que atravessar o Rio Uruguai e ingressar em território argentino, mais precisamente na Província de Misiones, onde está localizado os Sítios Arqueológicos argentinos declarados pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.
Para passar para a Argentina desde São Nicolau há três possibilidades: Passar a ponte em São Borja, o que aumentaria consideravelmente o nosso trajeto, ou pelas balças em Porto Xavier ou Porto Mauá.
Escolhemos o caminho mais próximo, Porto Xavier, por ser feriado, o porto internacional estava lotado e com longas filas de espera, dos dois lados da fronteira (desconsidere a foto a baixo, pois a mesma foi tirada na volta, mas o local é esse mesmo). Entramos com o carro na fila para o embarque na balça e consequentemente na fila para paga-la, mais fila na Polícia Federal e ainda tivemos o carro vistoriado pela Receita Federal.
Compre pesos argentinos, pois é a moeda oficial e única aceita no interior do país, tivemos dificuldade até para trabalhar com dólar, há cambistas pelas imediações do porto.
No lado argentino, mais filas, mais uma vez vistoria no carro (porta-malas), fila para tirar a permissão de entrada no país, não é preciso passaporte para pessoas dos países integrantes no MERCOSUL, mas sim a identidade original.
O Seguro Carta Verde para o veículo é uma exigência e pode ser tirado ali na aduana mesmo (no lado argentino é mais barato), foi também exigido a documentação dos cães (Cartões de vacina, documentos, atestado médico veterinário) pelos agentes da agricultura argentina.
Num total de duas horas, passamos a fronteira e seguimos nossa viagem passando pela cidade argentina de San Javier, o que descobri depois, também fazia parte dos 30 Povos.
Para passar para a Argentina desde São Nicolau há três possibilidades: Passar a ponte em São Borja, o que aumentaria consideravelmente o nosso trajeto, ou pelas balças em Porto Xavier ou Porto Mauá.
Escolhemos o caminho mais próximo, Porto Xavier, por ser feriado, o porto internacional estava lotado e com longas filas de espera, dos dois lados da fronteira (desconsidere a foto a baixo, pois a mesma foi tirada na volta, mas o local é esse mesmo). Entramos com o carro na fila para o embarque na balça e consequentemente na fila para paga-la, mais fila na Polícia Federal e ainda tivemos o carro vistoriado pela Receita Federal.
Compre pesos argentinos, pois é a moeda oficial e única aceita no interior do país, tivemos dificuldade até para trabalhar com dólar, há cambistas pelas imediações do porto.
No lado argentino, mais filas, mais uma vez vistoria no carro (porta-malas), fila para tirar a permissão de entrada no país, não é preciso passaporte para pessoas dos países integrantes no MERCOSUL, mas sim a identidade original.
O Seguro Carta Verde para o veículo é uma exigência e pode ser tirado ali na aduana mesmo (no lado argentino é mais barato), foi também exigido a documentação dos cães (Cartões de vacina, documentos, atestado médico veterinário) pelos agentes da agricultura argentina.
Num total de duas horas, passamos a fronteira e seguimos nossa viagem passando pela cidade argentina de San Javier, o que descobri depois, também fazia parte dos 30 Povos.
Balça no Porto Internacional em Porto Xavier - RS / Brasil.
Havia uma certa euforia misturada com entusiasmo, estávamos em outro país, outras leis, outros costumes, mas antecipo que em momento algum tivemos problemas. O peso da responsabilidade não me incomodava, agregava conhecimento e experiência em cada quilômetro percorrido, agora seria tudo novidade, e convenhamos, "gostamos disso mais que lasanha", os olhos atentos a cada detalhe da arquitetura argentina, pessoas, cães, carros, não passava nada despercebido.
Chegamos a Ruta Provincial 2, a que nos levaria ao nosso primeiro destino, a Redução Jesuítica de Santa Maria La Mayor distante aproximadamente 31 quilômetros de San Javier (e fica a 127 quilômetros de Posadas, capital provincial).
O Sítio não é de difícil localização, porém com um segundo de distração quase acabei passando do local. O acesso fica na rodovia mesmo, e conta com um amplo estacionamento.
Mision Jesuitico Guarani de Santa Maria La Mayor - Argentina.
Santa Maria, não foi diferente dos demais povos jesuíticos da costa do Rio Uruguai, foi abandonada depois da destruição, por parte dos portugueses, em 1817. Com isso, sofreu com a depredação de seus vestígios por estar abandonada e sem proteção até 1970.
A Missão Jesuítica Guarani de Santa Maria La Mayor foi declarada:
- Monumento Histórico Nacional - 1945.
- Monumento Cultural Provincial - 1980.
- Patrimônio da Humanidade - 1984.
Portão de acesso ao Sítio Arqueológico de Santa Maria La Mayor.
Em 1996 foi inaugurado o Centro de Visitantes onde se recebe e oferece serviços básicos as pessoas interessadas em conhecer um pouco mais do passado histórico da região. Nele você encontrará uma área de exposição, sanitários, área para pesquisas e pessoal para atenção que necessite.
Uma maquete mostra como seria a redução reconstituída, quadros mostram fotos antigas e contam a história. Funcionários estão a disposição para explicações históricas e guias especializados são disponibilizados para fazer o acompanhamento durante o passeio a excursões e visitas em grupos.
O Sítio Arqueológico de Santa Maria La Mayor faz parte do Programa Misiones Jesuiticas que abrange todos os sítios argentinos tombados pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, são eles:
- Santa Maria La Mayor.
- Santa Ana.
- Nuestra Senhora de Loreto.
- San Ignácio Mini.
Em qualquer desses sítios que você for paga-se um ingresso único e individual, que também vale para o acesso nos demais sítios por um período de 15 dias. Ou seja, paga-se uma unica vez para o acesso aos 4 Sítios Arqueológicos.
Centro de Visitantes em Santa Maria La Mayor - Misiones.
Centro de Visitantes.
Optamos pelo passeio auto-guiado, no sítio há vários setores, os quais são identificados com placas numeradas, no Centro de Visitantes recebe-se um fôlder, o qual mostra o significado de cada numeração no terreno.
Nos fundos do Centro de Visitantes abre-se um portal para a história, o passeio começa com uma caminhada de aproximadamente 300 metros em uma alameda larga que nos leva até o lugar onde concentram-se os maiores vestígios do que foi um dos Trinta Povos Jesuíticos Guaranis da província Jesuítica do Paraguai, fundada pelos sacerdotes da Companhia de Jesus no Século XVII.
Durante o primeiro percurso de trezentos metros, pode-se observar, a direita, parte dos muros que cercavam a horta dos sacerdotes da redução. Local onde teria frutas, plantas medicinais, verduras, etc.
Muros da Horta da Redução.
No final da alameda abre-se a grande praça, espaço central, aberto e limpo para atividades da comunidade (batismos, casamentos, exercícios com armas, laser de domingo, etc), a grama aparada impressiona e observa-se que o local está bem cuidado, esse espaço era rodeado pelo norte, oeste e sul pelas casas dos indigenas e a leste, por edifícios mais grandes como colégio, oficinas e a igreja.
Praça Central da Redução de Santa Maria La Mayor.
Praça da Redução Jesuítica de Santa Maria La Mayor - Misiones.
Plaza - Misiones - Argentina.
Caminhando para leste encontramos a Capela, ela do final do século XIX, está localizada dentro de uma das habitações do Colégio Jesuítico, foi usada como templo pelos habitantes próximos, até 1970. Atualmente é um oratório onde encontra-se uma imagem de madeira da Virgem, de origem jesuítica.
Capela em Santa Maria La Mayor.
É possível observar escoras metálicas em paredes ou estruturas como passagens com risco de desmoronamento, afinal são paredes com quase 400 anos.
Capela localizada em uma das habitações do colégio.
Ruínas do Colégio em Santa Maria La Mayor.
Com um patio interno central, circundado em partes por galerias e habitações dos dois padres, também se encontrava ali a biblioteca, refeitório, sala de música, oficinas de administração do povoado e depósitos. Era conhecida como uma das melhores e mais confortáveis reduções dos trinta povos.
Ruínas de Santa Maria La Mayor - 30 Povos das Missões.
Pilares de sustentação do telhado das áreas que rodeavam os aposentos.
Sítio Arqueológico Santa Maria La Mayor - Misiones / Argentina.
No começo do século XVIII funcionou também um setor destinado a reproduzir textos sobre papel, ali se editou livros de muito valor como "Arte da Língua Guarani" e "Vocabulário da Língua Guarani" do padre Antonio Ruiz de Montoya, e "Explicação do Catecismo", do Cacique Nicolás Yapuguay. Essas obras, junto com as impressões em Loreto e em São Francisco Javier, entre 1705 e 1727, constituem os primeiros livros publicados no atual território argentino.
Trabalho de preservação.
Santa Maria La Mayor - Monumento Histórico Nacional - Argentina.
Ruínas de Santa Maria La Mayor.
A Redução Jesuítica de Santa Maria foi fundada pelos padres jesuítas Diego Boroa e Claudio Ruyer em 1626, ao norte do Rio Iguaçu, sob o nome de Santa Maria do Iguaçu. Porém como outros povos jesuíticos, se viu obrigado a mudar-se para o sul, por causa das invasões portuguesas na busca por escravos. localizando-se onde é hoje a Província de Misiones e tomando seu nome atual Santa Maria La Mayor.
Pilares de sustentação.
Aposentos do Colégio.
Marcações nas paredes de Santa Maria La Mayor.
Ruínas de Santa Maria La Mayor.
Também pode-se observar nesse local os restos do Campanário e sua respectiva escadaria.
Sítio Arqueológico Santa Maria La Mayor - Misiones / AR.
Santa Maria La Maior - Monumento Cultural Provincial.
Uma igreja provisória foi construída em meados do século XVIII, ficou com espaço reduzido por conta de um incêndio (em 1735) na igreja original e sem acesso a praça central. Com uma só porta virada para um pequeno pátio ao norte.
Ruínas de Santa Maria La Mayor - Patrimônio de la Humanidad.
Igreja Provisória.
Área da igreja provisória.
As Oficinas possuíam um amplo pátio central rodeado de diversos ambientes onde funcionavam a ferraria, a carpintaria, a oficina dos escultores, a fabrica de cerâmica, a padaria, etc.
Pátio das Oficinas.
Ruínas da Redução Jesuítica de Santa Maria La Mayor.
Santa Maria La Mayor fica em um local afastado dos centros urbanos, o local é protegido e preservado, a natureza é forte e harmoniosa, é recomendável não se afastar das trilhas. Não rara as vezes você pode encontrar aranhas, cobras e insetos, não os machuque, pois eles moram lá e você não, simplesmente se afaste e deixe que sigam seu caminho. Outras restrições é de não mover e não riscar nas pedras, elas estão ali a centenas de anos e por isso devemos respeitá-las e preservá-las. Demais é como em todo outro lugar, não arranque plantas e não jogue lixo em locais que não sejam para esse fim. Na região das oficinas há bastante aranhas em suas teias entre uma árvore e outra, tenha atenção e cuidado!
Aranhas entre as árvores próximo ao pátio das oficinas.
Caranguejeira atravessando o pátio do Colégio.
A nordeste das oficinas fica o Cemitério, não chegamos ir até ele, cercado com um muro de pedras e com vestígios da capela mortuária (tipo de sala velatória). Se dividia em quatro setores separados por ruas internas. Um lado para os homens, um lado para as mulheres, outro lado para meninas e o último para meninos.
Ruínas de Santa Maria La Mayor.
Ruínas das Oficinas.
Passarelas metálicas auxiliam as passagens entre alguns setores.
A Redução possui o tradicional esquema urbano das missões, porém apresenta algumas características diferenciadas, por exemplo, o lugar se tratava de um núcleo relativamente pequeno, tinha a Praça e a Igreja mais pequenas que as outras Reduções. Em 1690 a população da Redução chegou a aproximadamente a 5.500 habitantes.
Santa Maria La Mayor foi destruída pelos portugueses em 1817.
Ruínas de Santa Maria La Mayor - Misiones / Argentina.
Santa Maria La Mayor - Patrimonio de la Humanidad.
Santa Maria La Mayor - Patrimônio da Humanidade - UNESCO.
O passeio é fantástico e enriquecedor, após a visualização detalhada das ruínas, retornamos para o Centro de Visitantes, nele há uma maquete como mencionado no inicio da postagem, onde você percebe a reconstituição das ruínas por onde passou. Quadros mostram fotos e plantas das construções, também contam a história da antiga Redução Jesuítica.
Maquete colocada bem como o posicionamento da Redução Jesuítica. Do sul (no centro abaixo) a norte (acima).
Reconstituição em miniatura da Redução Jesuítica de Santa Maria La Mayor.
Habitações dos indígenas ao norte da Praça.
Cada prédio integrava várias habitações de aproximadamente 5,00 x 5,00 m, sendo habitada cada uma por uma família Guarani.
Também há trilhas alternativas, uma delas fica a oeste da Praça a mão esquerda de quem chega pela grande alameda. Outra na esquina leste da Praça Central leva até ao Monte Misioneiro, o que oferece o avistamento de aves e plantas. Mais uma trilha parte da esquina noroeste da Praça Central, são 500 m. ida e volta até uma fonte de água calçada a sua volta com pedras da época, esta servia para abastecimento de água para o uso cotidiano da população.
Santa Maria La Mayor - Misiones / Argentina.
Ainda cedo e com os dias longos do verão partimos satisfeitos e cada vez mais enriquecidos culturalmente. Visitar Santa Maria La Mayor foi uma aventura, agora com uma enorme curiosidade do que nos revelariam os demais Sítios. Nosso destino agora era a Redução Jesuítica de Santa Ana também Patrimônio da Humanidade, a qual será compartilhada em uma postagem exclusiva.
Foi um imenso prazer compartilhar essa grande aventura, espero que tenham gostado. Um Grande Abraço e até a próxima!!!!!!!!
SANTA MARIA LA MAYOR - PATRIMONIO DE LA HUMANIDAD!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
HORÁRIOS:
Primavera / Verão - Das 07:00 às 19:00 hs.
Outono / Inverno - Das 07:00 às 18:00 hs.
COORDENADAS GOOGLE EARTH - 27º53'30,21"S - 55º20'42,62"O
TEXTO:
Adaptação - Valfredo Neves.
Fontes - Fôlder Turistico desponibilizado no Sítio Arqueológico.
FOTOS: Valfredo Neves.
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